Reflexão sobre o Salmo 83: Não Fiques em Silêncio, ó Deus!
O silêncio de Deus pode ser ensurdecedor, especialmente quando os inimigos se levantam com fúria. O Salmo 83 é uma oração nacional desesperada, um clamor para que Deus quebre o Seu silêncio e aja contra uma vasta coalizão de nações que conspiram para destruir o Seu povo. A mensagem do Salmo 83 é um apelo urgente para que Deus defenda não apenas Israel, mas a honra do Seu próprio nome.
A Conspiração das Nações
O salmo começa com uma súplica urgente: "Ó Deus, não estejas em silêncio; não te cales, nem te aquietes, ó Deus!". O motivo da urgência é uma conspiração em grande escala. Os inimigos de Deus "fazem um tumulto" e "levantaram a cabeça". O salmista lista um por um os membros dessa aliança — Edom, Moabe, Amom, os filisteus, a Assíria e outros — mostrando a dimensão da ameaça.
O objetivo deles é claro e genocida: "Vinde, e desarraiguemo-los para que não sejam nação, nem haja mais memória do nome de Israel". Eles não querem apenas derrotar Israel; eles querem apagar sua existência do mapa. O ataque é contra o povo da aliança de Deus e, portanto, contra o próprio Deus.
Lembra-te do que Fizeste no Passado!
Diante dessa ameaça esmagadora, a estratégia de oração do salmista é apelar para a história. Ele pede a Deus que faça com essa nova coalizão o mesmo que Ele fez com os inimigos de Israel no passado, nos dias dos Juízes. "Faze-lhes como fizeste a Midiã, como a Sísera, como a Jabim... os quais pereceram... e se tornaram como esterco para a terra".
O significado do Salmo 83 aqui é que a fé se alimenta da memória. Lembrar das vitórias passadas de Deus nos dá a confiança para clamar por Sua intervenção no presente. O salmista está dizendo: "Deus, Tu já fizeste isso antes. Faze de novo!". Ele pede que os nobres inimigos se tornem como "pó... como a palha diante do vento" e que sejam consumidos "como o fogo que queima um bosque".
Para que Saibam que Só Tu És o Altíssimo
A oração imprecatória do salmista, pedindo que Deus persiga os inimigos com Sua tempestade e os encha de confusão, tem um propósito surpreendente. O primeiro objetivo é redentor: "Enche-lhes o rosto de confusão, para que busquem o teu nome, Senhor". A humilhação na derrota pode ser o caminho para que eles reconheçam o verdadeiro Deus e O busquem.
Mas se eles se recusarem a se arrepender, há um segundo propósito: a vindicação do nome de Deus. Que eles "sejam confundidos e pereçam, para que saibam que só tu, cujo nome é SENHOR, és o Altíssimo sobre toda a terra".
O objetivo final da oração não é a destruição dos inimigos por si só, mas que, através da justiça de Deus, todo o mundo reconheça quem Ele é. A salvação de Israel e o julgamento das nações servem ao mesmo propósito final: a glória universal do nome de Deus.
O Salmo 83 nos ensina a orar em tempos de oposição. Devemos clamar a Deus para que não fique em silêncio. Devemos nos lembrar de Sua fidelidade no passado. E devemos orar pela derrota do mal, sempre com o objetivo final em mente: que, de uma forma ou de outra, através da conversão ou do juízo, todos venham a saber que só o Senhor é o Deus Altíssimo sobre toda a terra.